Tenho têndencia natural para olhar para o melhor das pessoas. Não é incapacidade para ver as contradições, o egoísmo ou a ignorância, é mesmo têndencia para desculpar esse lado com o facto de, afinal, sermos apenas humanos, categoria na qual, alegremente, me incluo. Claro que há uns mais humanos (ou desumanos) do que outros, mas esses passam-me ao lado sem incidentes de maior porque nem páro para olhar. Quando carrego no stop para deixar entrar alguém, é porque me encheu o olho que, com o passar dos anos, se tornou clínico. E depois de abrir a porta, acredito. Porque sou optimista. E mesmo que se desvendem copos que, afinal, estão meio vazios, continuo durante muito tempo a acreditar que o líquido no fundo um dia irá transbordar, nem que para isso tenha de ser eu a construir as condutas e o pipe line de alimentação.
Mas ás vezes chega a um ponto em que é preciso reconhecer que não vale a pena. Há umbigos que são buracos negros que tudo engolem e de onde nem a luz escapa. E hoje fechei a torneira porque quem nasceu para lagartixa, nunca chega a jacaré. O que fica? Quase nada. Apenas uma mão na testa e um "Mas como é que eu não vi logo? Ca estúpida!"
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