Ouvi-te entrar. Voltavas de viagem e recebi-te com um beijo e um abraço. Tive saudades tuas, disse-te e pareceu-me que sorrias. Já cá estou, respondeste. Deixei-te na entrada a sacudir a poeira da viagem, e fui-me sentando junto à janela a desfilar o exercicio da rotina. Quero ver-te, ouvir-te contar as histórias do percurso, mas a poeira demora-te os passos e preenche-te os gestos. Os dias passam e quando finalmente levanto os olhos estás vestido de amarelo e tens um pó fino a cobrir-te a alma. Voltei, ouço dizer. Observo-te. Quem és tu? Avanças com passos firmes em direcção à minha janela passeando pela trela um enorme camaleão. Quem és tu? Não te encontro na figura empoeirada que desfila a rotina ao meu lado e apercebo-me que continuo com saudades tuas. Queria tanto que tivesses regressado. Foi uma surpresa ver que agora só usas amarelo.
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